Wednesday, June 06, 2007

Almada

Este ano não devo ir à feira do livro mas, como compensação, satisfiz-me plenamente com um belo livro do Almada Negreiros, que categoria...
Porquê tanta admiração por este "menino com olhos de gigante"?
É um artista fora dos parâmetros tradicionais, rebelde, inconformado, futurista. Publica o Orpheu, um verdadeiro escândalo para os parâmetros de um Portugal provinciano e, seguidamente, reage à peça Soror Mariana (apanágio do tradicionalismo), de Julio Dantas, com o Manifesto Anti-Dantas:
Uma geração, que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração!
Abaixo o Dantas... o Dantas usa ceroulas.
É a cisão definitiva com o marasmo vindouro de um século passado e um apelo à renovação (por acaso até gostei bastante da Ceia dos Cardeais do mesmo Dantas).
Na pintura não há igual, a criatividade, a expressão, a representação popular. Em cada traço sente-se uma cultura que é portuguesa, em cada cor a paisagem que de norte a sul apaixona e traz saudade. Almada, pintou as paredes brancas e extensas da ditadura com o simbolismo paradoxal da mesma.
"Eu sou o resultado consciente da minha própria experiência"

1 comment:

S.M. said...

Pois...eu já fui à dita Feira e já lá deixei uns cobres, embora tenha ficadao mais rica com os livros que tenho para ler. De qualquer forma com o Almada está muitissimo bem servido:)Faz falta no contexto actual alguém que rompa com os cânones:Morra o Dantas, morr, PIM!
Beijinhos