Wednesday, October 10, 2007

Compensação

Hoje vou meditar sobre a compensação, pois toda a necessidade de compensação vem do medo.

Tuesday, October 09, 2007

Ai os lírios

Não dá mesmo para fazer planos, por isso resta viver um dia de cada vez e, como se vive um dia de cada vez sem planear?
Diria alguém, olhai os lírios do campo, mas os lírios não se perturbam por si, não fantasiam, não idealizam, não ensejam... se lhes tirarem a terra e o sol, o que lhes acontece? Por isso não quero ser lírio, algures no tempo começaria a pensar no meu sol e apareceriam nuvens e vento, pensaria na terra e viriam as pragas do Egipto, quereria ouvir o vento e ele se ausentaria.
Por mais que resista terei que aprender.

Acordai

Hoje ouvi uma heróica de Fernando Lopes Graça, com a fabulosa letra de José Gomes Ferreira. Para quem conhece, a música arrepia mesmo e a mensagem...
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!

Monday, October 08, 2007

três dias

Estes dias foram de azáfama, a celebração da República foi substituida por outra, digamos, bem mais importante de 33 anos; o fim-de-semana, numa bela companhia de quase cinco anos, foi recheada de bons momentos, cinema, passeio e sol mas, com tantas voltas que o fim de dia, no domingo, chegou com queda directa ao sofá. Nota: a minha pequerrucha ainda me ensinou a jogar D&D e gostou bastante de ouvir um pequeno concerto de música sacra no Chiado.
Fica aqui uma passagem do Stardust, uma bela lição:
Yvaine: You know when I said I knew little about love? That wasn't true. I know a lot about love. I've seen it, centuries and centuries of it, and it was the only thing that made watching your world bearable. All those wars. Pain, lies, hate... It made me want to turn away and never look down again. But when I see the way that mankind loves... You could search to the furthest reaches of the universe and never find anything more beautiful. So yes, I know that love is unconditional. But I also know that it can be unpredictable, unexpected, uncontrollable, unbearable and strangely easy to mistake for loathing, and... What I'm trying to say, Tristan is... I think I love you. Is this love, Tristan? I never imagined I'd know it for myself. My heart... It feels like my chest can barely contain it. Like it's trying to escape because it doesn't belong to me any more. It belongs to you. And if you wanted it, I'd wish for nothing in exchange - no fits. No goods. No demonstrations of devotion. Nothing but knowing you loved me too. Just your heart, in exchange for mine.

Sunday, October 07, 2007

O Juramento do Árabe

Baçus, mulher de Ali, pastora de camelas,
Viu de noite, ao fulgor das rútilas estrelas,
Vail, chefe minaz de bárbara pujança,
Matar-lhe um animal. Baçus jurou vingança,
Corre, célere voa, entra na tenda e conta
A um hóspede de Ali a grave e inulta afronta,

"Baçus, disse tranquilo o hóspede gentil,
Vingar-te-ei com meu braço, eu matarei Vail."

Disse e cumpriu.
Foi esta a causa verdadeira
Da guerra pertinaz, horrível, carniceira
Que as tribos dividiu. Na Luta fratricida,
Omar, filho de Anru, perdera o alento e a vida.

Anru, que lanças mil aos rudes prélios leva,
E que, em sangue inimigo, irado, os ódios ceva,
Incansável procura, e é sempre em balde, o vil
Matador de seu filho, o traidor Mualhil.
Uma noite, na tenda, a um moço prisioneiro,
Recém-colhido em campo, o indómito guerreiro
Falou, severo, assim:
" Escravo, atende e escuta:
Aponta-me a região, o monte, o plaino, a gruta,
Em que vive o tridor Mualhil, diz a verdade;
Dá-me que o alcance vivoi, e é tua a liberdade!"

E o moço perguntou:
"É por Alá que o juras?"
"Juro" - o chefe tornou -
"Sou o homem que procuras!
Mualhil é o meu nome, eu fui que espedacei
a lança de teu filho, e aos pés o subjuguei!"

E intrépido, fitava o atónito inimigo.

Anru volveu: "És livre, Alá seja contigo!"

Gonçalves Crespo, de "Nocturnos"