Saturday, April 07, 2007
De Cascais ao Estoril
Uma viagem de comboio, para recordar tempo idos. Uma longa caminhada de Cascais ao Estoril, para aproveitar o sol descoberto e o mar que estava de azul. Assim se passa uma boa tarde em Lisboa, com boa companhia.
Geração Fedorenta
Não aguento mais que tudo o que seja conversa, anúncio, ideia ou pensamento tenha que ir parar às piadas, ditos ou pronúncias do "gato fedorento". Por favor, já fomos apelidados de geração X e de mais sei lá o quê. Com esta creio que se bate mesmo fundo e é cansativo e redutor. A piada faz bem, o humor é essencial, a crítica satírica ajuda a criar um estado de direito mas daí até ter que levar constantemente com essa filosofia de vida, vai um longo passo. Não percebo como os seus fãs aguentam levar com programas de estopa (conceito admitido pelos próprios), de colectâneas porque os meninos têm que descansar, para no fim, espremerem bem espremida uma piada que irá estar na boca do mundo tempos e tempos de saturação. Além do mais, irrita como todo qualquer tipo de marca, desde instituições bancárias às telecomunicações, usarem tais apanágios da estupidez porque é moda. Acho que vou gostar quando a moda servir para fazer as pessoas mais bem informadas sem lhes entupirem os neurónios com "piadas" (que a cada um servirá ou não).
Como diria alguém, abyssus abyssum invocat.
Como diria alguém, abyssus abyssum invocat.
Friday, April 06, 2007
Sobre a descendência
Muitas vezes os filhos representam a esperança dos pais, olham para eles como se fossem a continuação ou o recomeço da sua vida. Assim, carregam-nos com o peso da responsabilidade. Estes terão que fazer tudo o que os pais queriam ter feito, terão que ser isto ou aquilo, terão que resolver isto ou aquilo. Mas não concordo com esta ideia que tantas vezes vejo praticada, acredito que cada um por si tem direito à vida sem que esta esta repleta de grilhetas, muitas vezes desconhecidas ao próprio. Os pais devem dar um presente de vida que, não é o peso dos seus incumprimentos mas sim a leveza das suas escolhas. À minha filha não desejo tudo o que não fiz ou o que não sou, mas que ela seja tudo de bom que queira ser.
300
Fabuloso, assombroso, maravilhoso. As personagens estão magníficas, a fotografia é diferente e original, houve alturas que eu não sabia se estava a ver um filme ou a participar de um jogo (para quem conhece o Spartan Total Warrior, sabe do que estou a falar). A moral da história é grande e o filme insere-se no pacote motivador da propaganda contra a "invasão islâmica". É muito interessante observar os valores de cada um dos lados, fazendo paralelo à actualidade.
São duas horas de violência intensa mas muito bem inserida.
São duas horas de violência intensa mas muito bem inserida.
Thursday, April 05, 2007
300
É hoje!!! Li a grande B.D. do Frank Miller e aguardo ansiosamente pelo filme.
"Spartan, come back with your shield or on the top of it"
Mais sobre esta versão da história grega.
Wednesday, April 04, 2007
A simplicidade das coisas
Há coisas que nos tocam pela sua simplicidade, pela lembrança e essas coisas fazem conquistar às pessoas os maiores tesouros, daqueles que não se gastam, nem que são traduzidos em dinheiro.
Hoje, deram-me um ramo de louro, alecrim, papoila, malmequeres, espiga e folha de oliveiras. Melhor ainda pois foi um ramo colhido e escolhido... fica o meu agradecimento sem medida.
Hoje, deram-me um ramo de louro, alecrim, papoila, malmequeres, espiga e folha de oliveiras. Melhor ainda pois foi um ramo colhido e escolhido... fica o meu agradecimento sem medida.
Tuesday, April 03, 2007
O mistério da vida
O mistério da vida é tão claro quanto nós próprios o permitirmos que seja. Podemos vê-lo pelas lentes das nossas frustrações, dos nossos erros, daquilo que pensamos que os outros de nós pensam. Podemos pensar e repensar e pensar novamente. Podemos conjecturar teorias e conspirações.
Para o mistério da vida, há três caminhos - O da simplicidade, do ponto criador, da geratriz; O da multiplicidade das formas, aquele que gera foi gerado; O que anula todos os outros.
Tudo é claro, na medida que nós queiramos que o seja. O mistério é apenas uma revelação adiada. No zero tudo está contido, no um é dado início ao movimento, para no dois se multiplicar.
Para o mistério da vida, há três caminhos - O da simplicidade, do ponto criador, da geratriz; O da multiplicidade das formas, aquele que gera foi gerado; O que anula todos os outros.
Tudo é claro, na medida que nós queiramos que o seja. O mistério é apenas uma revelação adiada. No zero tudo está contido, no um é dado início ao movimento, para no dois se multiplicar.
Inevitabilidade
Perante este quadro fica a dúvida do que é mais idílico, se a composição Arcadiana ou se a beleza da jovem, por si só. O belo é o tema, a nudez é parte integrante e natural, é como se tudo fosse assim e não houvesse razão para ser diferente. É o espírito clássico onde tudo é perfeito e harmonioso, onde as formas têm a arquitectura de um templo, onde o olhar é o tranquilo tom de terra complacente e onde o sorriso, a defesa da inevitabilidade. No entanto, apesar dos seus esforços de resistir, o coração está descoberto e Eros, sempre jovial e energético, acabará por acertar com a sua seta. É, sem dúvida, um tema primaveril.
"Jovem rapariga a defender-se de Eros"
Adolphe William Bouguereau - 1880
Getty Museum
"Jovem rapariga a defender-se de Eros"
Adolphe William Bouguereau - 1880
Getty Museum
Naqueles tempos, com o Zeca
Naqueles tempos dos dezassete anos, pairava um idealismo marxista-leninista, debatiam-se as questões filosóficas e a vida tinha outro rítmo e cor. Ouvia-se o Zeca e lia-se Rousseau, Sartre, Camus e a arte era uma expressão do futurismo português. Mas quero deixar algo que sempre me acompanhou e que fez e continua a fazer todo o sentido.
Traz outro amigo também
Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também
(José Afonso)
Monday, April 02, 2007
Audrey Hepburn
A melhor e mais bonita de todas as actrizes, sorte a da National Portrait Gallery, por ter uma foto dela. Audrey Hepburn não era apenas cândida e singela, era realmente uma actriz.
A maior...
A maior das solidões passa-se, olhando sem olhar, estando sem em nada estar; Passa-se olhando as estrelas e preenchendo de interior tudo do que é feito o mar.
É ter chagas e cada dor aparecer, por cada dor que se cure; É querer falar sem ouvir nem ter que escutar; É perder as palavras por não encontrarem lar.
Na maior das solidões o tempo não passa; Passa a passar-se a dor que no ventre, nos pés e mãos em sangue todo o pensamento faça.
Esta ninguém sabe, ninguém vê, ninguém escuta; Passa a vida, passam as pessoas, não passa a dor que a cada dia me perscuta.
É ter chagas e cada dor aparecer, por cada dor que se cure; É querer falar sem ouvir nem ter que escutar; É perder as palavras por não encontrarem lar.
Na maior das solidões o tempo não passa; Passa a passar-se a dor que no ventre, nos pés e mãos em sangue todo o pensamento faça.
Esta ninguém sabe, ninguém vê, ninguém escuta; Passa a vida, passam as pessoas, não passa a dor que a cada dia me perscuta.
Integridade
Há coisas que nos perseguem como uma nuvem escura, ou como uma sombra que nos absorve. O poder que temos de palavra deve ser directamente proporcional ao cuidado que temos ao dizê-la. Assim, há palavras que nos perseguem como se tivessemos levado com um post-it na nossa personalidade. Pode nada ter a ver connosco, pode não ser verdade mas quando a integridade é afectada colocamos as coisas em causa.
Sempre que isso me acontece tenho que reforçar a minha tranquilidade, afastar-me da intempérie e não permitir que isso afecte o meu "julgamento" ao que me rodeia e, essencialmente, a mim. É sempre bom reavaliar onde estou e como estou mas andar envenenado não é, de todo, uma opção. Resta saber porque se envenena.
Alguém, muito sábio, disse: Fala muito das coisas, pouco de ti e nada dos outros. Por alguma razão ele era sábio.
Sempre que isso me acontece tenho que reforçar a minha tranquilidade, afastar-me da intempérie e não permitir que isso afecte o meu "julgamento" ao que me rodeia e, essencialmente, a mim. É sempre bom reavaliar onde estou e como estou mas andar envenenado não é, de todo, uma opção. Resta saber porque se envenena.
Alguém, muito sábio, disse: Fala muito das coisas, pouco de ti e nada dos outros. Por alguma razão ele era sábio.
Sunday, April 01, 2007
Copying Beethoven
Passados vinte anos consegui apreciar Beethoven, como o meu avô sugeria, reconhecendo, além do ruído inicial, a música que verdadeiramente é feita pela alma. De uma forma muito emotiva reforcei o meu sentido que a música não é unicamente matemática, que a criação vem do nosso mais profundo, que a humildade perante uma crítica é o valor que nos fará crescer incomensuravelmente e que um artista, assim o é, quando acredita na sua obra.
De Beethoven fica-nos para o futuro o hino da União Europeia (An die Freude ou Ode à alegria, último andamento da nona sinfonia), assim como o seu último quarteto "Grosse Fugue".
Este filme fez-me também meditar sobre a nossa obra de vida, sabemos qual é? Conseguiremos completá-la? Ouviremos os aplausos? Beethoven reconheceu que a surdez foi uma benção, permitiu-o passar a ouvir verdadeiramente o som e a compreender o silêncio.
Vale a pena ouvir mais atentamente, assim como também vale a pena ouvirmos o nosso próprio som.
Ficam os links para a Nona Sinfonia e para a Grosse Fugue.
De Beethoven fica-nos para o futuro o hino da União Europeia (An die Freude ou Ode à alegria, último andamento da nona sinfonia), assim como o seu último quarteto "Grosse Fugue".
Este filme fez-me também meditar sobre a nossa obra de vida, sabemos qual é? Conseguiremos completá-la? Ouviremos os aplausos? Beethoven reconheceu que a surdez foi uma benção, permitiu-o passar a ouvir verdadeiramente o som e a compreender o silêncio.
Vale a pena ouvir mais atentamente, assim como também vale a pena ouvirmos o nosso próprio som.
Ficam os links para a Nona Sinfonia e para a Grosse Fugue.
Arpad Szenes
Fui ver a exposição, acompanhado por uma excelente crítica de arte (de quatro anos e meio). Achei a exposição interessante, principalmente a secção dos desenhos. Pelo que conheço, as obras mais emblemáticas deste pintor húngaro, não estavam presentes.
Aproveitei para apreciar mais demoradamente alguns quadros da Vieira da Silva, que considero absolutamente inspiradora para outras visões sobre as cidades ou mesmo na abstracção das ideias de qualquer outro tema (destaco o Navio fantasma, em têmpera).
Andorinha
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