Friday, November 09, 2007
Nas manhãs
Gosto das manhãs que começam muito cedo. Do ar fresco e puro, do sol a raiar por detrás da serra, do rio ao longe, sereno, de azul e prata. Gosto da minha disponibilidade para o silêncio, para escutar, gosto, principalmente de agradecer o começo de dia e de saber o que tenho a trabalhar.
Thursday, November 08, 2007
Para animar a malta
Estrela da Manhã, do António Gedeão
Numa qualquer manhã, um qualquer ser,
vindo de qualquer pai,
acorda e vai.
Vai.
Como se cumprisse um dever.
Nas incógnitas mãos transporta os nossos gestos;
nas inquietas pupilas fermenta o nosso olhar.
E em seu impessoal desejo latejam todos os restos
de quantos desejos ficaram antes por desejar.
Abre os olhos e vai.
Vai descobrir as velas dos moinhos
e as rodas que os eixos movem,
o tear que tece o linho,
a espuma roxa dos vinhos,
incêndio na face jovem.
Cego, vê, de olhos abertos.
Sozinho, a multidão vai com ele.
Bagas de instintos despertos
ressuma-lhe à flor da pele.
Vai, belo monstro.
Arranca
as florestas com os teus dentes.
Imprime na areia branca
teus voluntariosos pés incandescentes.
Vai
Segue o teu meridiano, esse,
o que divide ao meio teus hemisférios cerebrais;
o plano de barro que nunca endurece,
onde a memória da espécie
grava os sonos imortais.
Vai
Lábios húmidos do amor da manhã,
polpas de cereja.
Desdobra-te e beija
em ti mesmo a carne sã.
Vai
À tua cega passagem
a convulsão da folhagem
diz aos ecos
«tem que ser».
O mar que rola e se agita,
toda a música infinita,
tudo grita
«tem que ser».
Cerra os dentes, alma aflita.
Tudo grita
«Tem que ser».
Numa qualquer manhã, um qualquer ser,
vindo de qualquer pai,
acorda e vai.
Vai.
Como se cumprisse um dever.
Nas incógnitas mãos transporta os nossos gestos;
nas inquietas pupilas fermenta o nosso olhar.
E em seu impessoal desejo latejam todos os restos
de quantos desejos ficaram antes por desejar.
Abre os olhos e vai.
Vai descobrir as velas dos moinhos
e as rodas que os eixos movem,
o tear que tece o linho,
a espuma roxa dos vinhos,
incêndio na face jovem.
Cego, vê, de olhos abertos.
Sozinho, a multidão vai com ele.
Bagas de instintos despertos
ressuma-lhe à flor da pele.
Vai, belo monstro.
Arranca
as florestas com os teus dentes.
Imprime na areia branca
teus voluntariosos pés incandescentes.
Vai
Segue o teu meridiano, esse,
o que divide ao meio teus hemisférios cerebrais;
o plano de barro que nunca endurece,
onde a memória da espécie
grava os sonos imortais.
Vai
Lábios húmidos do amor da manhã,
polpas de cereja.
Desdobra-te e beija
em ti mesmo a carne sã.
Vai
À tua cega passagem
a convulsão da folhagem
diz aos ecos
«tem que ser».
O mar que rola e se agita,
toda a música infinita,
tudo grita
«tem que ser».
Cerra os dentes, alma aflita.
Tudo grita
«Tem que ser».
Wednesday, November 07, 2007
Há tanto tempo
Já há tanto tempo que não ouvia isto... ai a nostalgia :)
Dunas - GNR
Dunas, são como divãs
Biombos indiscretos de alcatrão sujo
Rasgados por cactos e hortelãs
Deitados nas dunas
Alheios a tudo
Olhos penetrantes
Pensamentos lavados
Bebemos nos lábios
Refrescos gelados
Velamos segredos
Saltamos rochedos
Em câmara lenta
Como na TV
Palavras a mais
Na idade dos porquês
Dunas, são como divãs
Quem nos visse deitado, cabelos molhados
Bastante enrolados, sacos cama salgados
Nas dunas
Roendo maçãs
A ver garrafas de óleo boiando vazias
Nas ondas da manhã
Bebemos nos lábios
Refrescos gelados - nas duas
Em câmara lenta
Como na TV - nas dunas
Dunas - GNR
Dunas, são como divãs
Biombos indiscretos de alcatrão sujo
Rasgados por cactos e hortelãs
Deitados nas dunas
Alheios a tudo
Olhos penetrantes
Pensamentos lavados
Bebemos nos lábios
Refrescos gelados
Velamos segredos
Saltamos rochedos
Em câmara lenta
Como na TV
Palavras a mais
Na idade dos porquês
Dunas, são como divãs
Quem nos visse deitado, cabelos molhados
Bastante enrolados, sacos cama salgados
Nas dunas
Roendo maçãs
A ver garrafas de óleo boiando vazias
Nas ondas da manhã
Bebemos nos lábios
Refrescos gelados - nas duas
Em câmara lenta
Como na TV - nas dunas
Onde está o Outono?
Sunday, November 04, 2007
Shoot 'em up
No museu do trajo
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