Num deserto sem água, numa noite sem lua, numa terra nua,
por maior que seja o desespero, nenhuma ausência é mais profunda que a tua!
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Sobre a saudade tudo se diz e mais se sente, da etimologia latina (solitate) solidão, tiramos que da saudade nada vem de bom (por isso a matamos). É uma ausência que fica, uma memória que reside no coração, um espinho cravado que lança o seu veneno, enquinando pensamentos, sentimentos, vontades. A saudade canta-nos suavemente, primeiro em tom de agrado e quando está já instalada então berra, grita, ecoa por cada quarto vazio da mente e em todas as galerias arruinadas do coração.
Das saudades não tenho saudades e se há algo que prefiro não reviver é a saudade.
Morra a saudade.
Saturday, June 30, 2007
Friday, June 29, 2007
Fim-de-semana à vista
Um fim-de-semana para mim, como quem diz, fim de semana com entupimento cultural e carregamento de baterias. Por isso, para que não me esqueça, aqui ficam alguns items:
- Ir à praia, nem que chova!
- Visitar o Centro Comercial do Berardo
- Reviver Istambul na Gulbenkian (Evocações, Passagens, Atmosferas. Pintura do Museu Sakιp Sabancι, Istambul)
- Ir ao "bar da Mariquinhas" (aqui...) na rua dos Cordoeiros
- Ver o Die Hard 4.0 em boa companhia
- Prestar visita a alguns amigos
- e ainda sobra tempo...
Thursday, June 28, 2007
A ilusão não tem defeitos(?), ou sobre o defeito
Por defeito entende-se que num objecto, com determinadas propriedades que o caracterizam, existe a "ausência" de elementos considerados necessários ou que tem propriedades de má qualidade (portanto, sem a perfeição requerida).
O defeito, ou a ausência de total perfeição (sendo a perfeição composta de elementos subjectivos), é algo que nós, objectos de estudo uns dos outros, estamos habituados a processar, nem que seja em mecanismos inconscientes. Assim, quando se diz que algo ou alguém é perfeito, há (segundo alguns entendidos) que desconfiar. Desconfiar, porquê?
Afere-se que em toda a criação e coisas por criar, existe imperfeição ou defeito, na medida em que quem cria não é perfeito, logo não consegue conceber a perfeição, excepto pelo conceito ideal. Mas, se nos abstivermos dos conceitos, das exigências, dos taxativos e conseguirmos alcançar a abstracção do Ser (logo, estando bem longe do Parecer), seremos capazes de dizer - Algo é Belo, Algo é Perfeito e assim o é, por o Ser.
Em jeito de conclusão, o defeito mais está nos olhos de quem o vê do que na alma de quem é visto.
Vale a pena pensar.
(obrigado, Flower)
O defeito, ou a ausência de total perfeição (sendo a perfeição composta de elementos subjectivos), é algo que nós, objectos de estudo uns dos outros, estamos habituados a processar, nem que seja em mecanismos inconscientes. Assim, quando se diz que algo ou alguém é perfeito, há (segundo alguns entendidos) que desconfiar. Desconfiar, porquê?
Afere-se que em toda a criação e coisas por criar, existe imperfeição ou defeito, na medida em que quem cria não é perfeito, logo não consegue conceber a perfeição, excepto pelo conceito ideal. Mas, se nos abstivermos dos conceitos, das exigências, dos taxativos e conseguirmos alcançar a abstracção do Ser (logo, estando bem longe do Parecer), seremos capazes de dizer - Algo é Belo, Algo é Perfeito e assim o é, por o Ser.
Em jeito de conclusão, o defeito mais está nos olhos de quem o vê do que na alma de quem é visto.
Vale a pena pensar.
(obrigado, Flower)
Wednesday, June 27, 2007
Bem vinda a diferença
"Primeiro" foi nos Authority com o Midnighter e Apolo (um flip of do Batman e Superhomem), depois nos Young Avengers (também gays) e agora na Terra Obscura dos magnificos Alan Moore e Peter Hogan, com um casal lésbico. É como ver um filme francês ou alemão, tudo é natural, nem parece material made in US of A. Parabéns a todos os autores pela marca de diferença. (P.S. vale mesmo a pena comprar, nem que seja Young Avengers e Terra Obscura em paperback).
Antonio
A ilusão não tem defeitos(?)
Das primeiras coisas que me lembro de filosofia foi uma consideração sobre o que era uma cadeira. Será que vejo uma cadeira da mesma maneira que outra pessoa? Será que a cadeira tem a mesma cor, intensidade, valor, para pessoas diferentes?
Assim se aplica o conceito ao Homem, à pessoa.
Se olho para alguém, que olhos e inteligência uso para a ver e processar?
Não me posso ficar só pelo aspecto fisico, emocional, espiritual ou racional, não posso avaliar o todo pelas partes ou as partes pelo todo. Por isso, como não dizer que a ilusão não tem defeitos?
Um objecto de análise não terá defeitos na medida que em que não restrinja a minha capacidade de o análisar. Se usar tudo o que compõe a inteligência, ou seja, o aspecto emocional, espiritual e racional, então poderei ter uma abordagem de alguém que pode estar além da ilusão de uma só vertente do intelecto. Para além disso, devo ter sempre presente o factor mudança - tudo muda, a cada segundo.
A ilusão apenas existe na medida que permito que ela exista. Esta ilusão pode ser transposta para todas as situações que viva ou que idealize, seja um projecto ou seja amor. Não posso, no entanto, avaliar as coisas unicamente pelas experiências que tive, devo estar além de mim mesmo e além do que estou ou de quem estou a ver. É um exercício construtivo e bastante fácil, se nos soubermos abster das frustrações ou enganos passados e, essencialmente, devemos pensar e sentir por nós. Vale a pena experimentar.
Assim se aplica o conceito ao Homem, à pessoa.
Se olho para alguém, que olhos e inteligência uso para a ver e processar?
Não me posso ficar só pelo aspecto fisico, emocional, espiritual ou racional, não posso avaliar o todo pelas partes ou as partes pelo todo. Por isso, como não dizer que a ilusão não tem defeitos?
Um objecto de análise não terá defeitos na medida que em que não restrinja a minha capacidade de o análisar. Se usar tudo o que compõe a inteligência, ou seja, o aspecto emocional, espiritual e racional, então poderei ter uma abordagem de alguém que pode estar além da ilusão de uma só vertente do intelecto. Para além disso, devo ter sempre presente o factor mudança - tudo muda, a cada segundo.
A ilusão apenas existe na medida que permito que ela exista. Esta ilusão pode ser transposta para todas as situações que viva ou que idealize, seja um projecto ou seja amor. Não posso, no entanto, avaliar as coisas unicamente pelas experiências que tive, devo estar além de mim mesmo e além do que estou ou de quem estou a ver. É um exercício construtivo e bastante fácil, se nos soubermos abster das frustrações ou enganos passados e, essencialmente, devemos pensar e sentir por nós. Vale a pena experimentar.
Tuesday, June 26, 2007
Regina Spektor e mais
Bom som, obrigado x.
O site aqui...
Já agora, a lista do que ando a ouvir:
Amandine
Bangguru
Collide
Donna Maria
LCD Soundsystem
Pedro Abrunhosa
Skye
Stéphane Pompougnac
Steve Kuhn
The legendary tiger man
Viviane
O site aqui...
Já agora, a lista do que ando a ouvir:
Amandine
Bangguru
Collide
Donna Maria
LCD Soundsystem
Pedro Abrunhosa
Skye
Stéphane Pompougnac
Steve Kuhn
The legendary tiger man
Viviane
Monday, June 25, 2007
BARCLAYS Plans to ditch 'NAZI' eagle logo
Barclays, the High Street bank, is planning to drop its 317-year-old eagle logo because of concerns that it has Nazi overtones – a move designed to appease the Dutch bank ABN Amro with which it is planning to merge.Mais aqui...
Bank insiders confirmed today that it was a "logical move" to drop its iconic logo if the deal with ABN Amro goes ahead, agreeing with comments that it had "unfortunate connotations".
Branding experts said they thought the move was sensible, considering how much more potent the eagle symbol is on the Continent.
Stuart Whitwell, joint managing director of Intangible Business, a brand consultancy said: "I think it is a great shame, especially considering they have had it for 317 years. But you can sense there would be problems in parts of Europe."
The Nazis used the historic Germanic eagle as part of its iconography and it remains part of the federal coat of arms to this day.
The eagle logo used by Barclays, however, predates the Nazi era by 230 years, dating back to 1690 when its predecessor bank set up in Lombard Street – the historic home of banking in the City of London.
The image has been modified many times in the past. The black Teutonic-style eagle emblazoned on a shield was redrawn blue with less fierce talons in 1981.
Seventeen years later, the shield was dropped as part of a re-branding by leading consultancy Interbrand. In 2004 the logo was softened further, with the three crowns being consigned to the bin, and the bird shorn of all of its claws.
Não concordo com esta mudança de imagem, pelas razões evocadas. Um signo ganha a sua conotação a partir do momento que é usado ou existe além disso?
A águia heráldica é um simbolo comum em quase todo o mundo, desde Portugal à Indonésia e não é por causa do uso feito pelo partido Nazi que em todo o mundo se mudou a heráldica. Também em casa temos um pequeno exemplo - no tempo da ditadura usava-se muito a cruz de cristo e hoje ainda continuamos a usar. Os simbolos devem estar além do mau uso que a eles é dado mas todos os erros devem ser corrigidos.
Já agora, também vale a pena ler sobre a Águia de Lagash
XXVI Estoril Jazz
Laurent Filipe, aqui vou eu! No bom ambiente da marginal, com preços mais ou menos acessiveis. O programa aqui... e o site do Laurent Filipe
Sunday, June 24, 2007
Problemas de expressão
Ainda que falemos a mesma língua, ainda que conheçamos os códigos universais, ainda que os arquétipos estejam inseridos nos mesmos insconscientes, o problema de expressão continua.
Recheamos uma conversa de gestos que são mudras, códigos de expressão, de olhares que muitas vezes contrariam o que estamos a dizer, além de toda a interpretação subjectiva que fazemos até no mais racional dos diálogos. Isto porque não nos desligamos da emoção, por muito que pareça que o hemisfério direito conheceu os prazeres da lobotomia.
Por tal, num diálogo, devemos permanentemente fazer o exercício da sinceridade, expressando (até onde for possivel) a nossa verdade e tudo o que pensamos e sentimos (não caindo no erro da apologética ao coitadismo ou à conversa de razões desconexas). Não falo de frontalidade mas sim a comunhão, fazendo que entre o emissor e o receptor haja um constante sentir de participação sincera e empreendedora. Como tal, não devemos dizer "Tu isto" ou "Tu aquilo" mas sim, "Eu sinto isto" ou "Eu penso aquilo", "sobre ti, sobre mim, sobre nós". Cada um terá o seu papel e cada um fica melhor dentro da sua pele.
Ainda que falemos a mesma língua, um olhar fala sempre mais alto. No fim, os olhos são as janelas da alma e não há nada de mais sincero do que o que cá está dentro.
Recheamos uma conversa de gestos que são mudras, códigos de expressão, de olhares que muitas vezes contrariam o que estamos a dizer, além de toda a interpretação subjectiva que fazemos até no mais racional dos diálogos. Isto porque não nos desligamos da emoção, por muito que pareça que o hemisfério direito conheceu os prazeres da lobotomia.
Por tal, num diálogo, devemos permanentemente fazer o exercício da sinceridade, expressando (até onde for possivel) a nossa verdade e tudo o que pensamos e sentimos (não caindo no erro da apologética ao coitadismo ou à conversa de razões desconexas). Não falo de frontalidade mas sim a comunhão, fazendo que entre o emissor e o receptor haja um constante sentir de participação sincera e empreendedora. Como tal, não devemos dizer "Tu isto" ou "Tu aquilo" mas sim, "Eu sinto isto" ou "Eu penso aquilo", "sobre ti, sobre mim, sobre nós". Cada um terá o seu papel e cada um fica melhor dentro da sua pele.
Ainda que falemos a mesma língua, um olhar fala sempre mais alto. No fim, os olhos são as janelas da alma e não há nada de mais sincero do que o que cá está dentro.
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