Encontrava-se à porta do Diário de Notícias, sempre se perguntou o que faziam letras góticas num edifício do Pardal Monteiro e se no último andar do torreão faroleiro as orgias literárias e pouco mais continuariam. Pensando em orgias a sua mente bloqueou, veio-lhe um incenso de salsichas de porco envoltas em mel, um repasto de ovos de codorniz em banho de Porto e mais umas coisas estranhas que não conseguiu trazer à realidade.
Os pensamentos trouxeram incómodo ao estômago magro e hiptonicamente avançou Avenida da Liberdade abaixo, esquecendo por completo o que devia fazer no prédio do Monteiro. Os ténis gastos palmilhavam a calçada central da Avenida, pisando aqui e ali folhas caídas, era como pisar as páginas do Garrett onde, com tanto carinho, depositou o romantismo português de um outro tempo.
Já no final da da calçada, embocado no rossio, parou. Dir-se-ia um serfadita que após longa diáspora chegara a Sião. Chegara e não reconhecera. Tinha já esquecido a razão daquela súbita peregrinação. Roçou mais uns pelos arruivados e lembrou-se que no frontespício da estação do rossio lá estava D. Sebastião, imortalizado numa meninice populuscamente típica de sentimentos revivalistas.
Thursday, October 26, 2006
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